Quando se pensa em coração, logo vem à cabeça a frequência cardíaca ou a pressão arterial, medidas que refletem a saúde do órgão, por meio da contagem do número de batimentos e a força do sangue na parede das artérias. Uma nova mensuração, no entanto, tem ganhado espaço no mundo científico justamente por refletir uma característica atribuída popularmente ao coração: as emoções. Chamada de coerência cardíaca, o estado indica fisiologicamente o que chamamos de equilíbrio corpo e mente e pode ser monitorado e treinado.
O estado de coerência cardíaca foi descoberto por cientistas da Califórnia, dedicados aos estudos das implicações de emoções e do estresse na variabilidade da frequência cardíaca. Este indicador – que é o intervalo de tempo entre duas pulsações consecutivas – é modificado conforme as reações do sistema nervoso autônomo e pelas emoções – tornando-se um importante indicador fisiológico do estresse e de patologias associadas, como ansiedade.
Estudando o comportamento da variabilidade de frequência cardíaca perante situações do dia a dia, os cientistas perceberam que a pessoa emocionalmente equilibrada entra em sincronismo coração/cérebro e o intervalo de tempo entre suas pulsações cardíacas torna-se sinusal quando monitoradas num computador doméstico. “Pesquisas mostram que – quando o gráfico da variabilidade da frequência cardíaca fica em formato de onda – o corpo entra em coerência cardíaca, condição em que respiração, frequência cardíaca e pressão arterial encontram-se em harmonia. Conseguiram medir, então, fisiologicamente o perfeito ponto de equilíbrio do sistema nervoso autônomo e que essa harmonia interna pode ser perfeitamente treinada”, explica o pesquisador Marco Fábio Coghi – um dos maiores estudiosos do tema no Brasil. “Outra novidade: no estado de coerência cardíaca, o organismo aumenta a imunidade e ocorre, ainda, o controle automático do corpo sobre a produção de alguns hormônios, Quando em excesso, esses hormônios podem ser nocivos à nossa saúde, como o cortisol, conhecido hormônio do estresse. A coerência cardíaca também fomenta a concentração, tomada de decisão e o aprendizado”, afirma.
Os equipamentos de biofeedback são hoje uma das melhores formas de medir e treinar a coerência cardíaca. “Por meio de um sensor, o programa mede a variabilidade da frequência cardíaca e, com os resultados, propõe exercícios para alcançá-la”, explica Coghi. Até então estes equipamentos precisavam ser importados, mas recentemente uma tecnologia de biofeedback cardiovascular foi desenvolvida no Brasil pela incubada do Cietec da Universidade de São Paulo – NPT Neuropsicotronics– facilitando o acesso ao equipamento. Chamado de cardioEmotion, o software é plugado no computador pessoal e um sensor é colocado no dedo ou na orelha para avaliar o batimento cardíaco, e assim, o estado emocional da pessoa. Após o monitoramento, o usuário passa para o treinamento com games lúdicos e interativos, que propõem dinâmicas simples controladas pela concentração, emoção, visualização criativa e pela respiração coerente.
Ao jogar, a pessoa recebe notas de 0 a 10 conforme o desempenho alcançado. Quanto maior a nota, maior é o equilíbrio do nervoso autônomo e emocional. “A resposta dos exercícios é imediata e vista em tempo real. Recomendamos práticas diárias de 20 minutos como ferramenta complementar-integrativa para ajudar na redução do stress, insônia, ansiedade, hipertensão e depressão”, explica o pesquisador.
A redução de estresse e ansiedade por treinamento com biofeedback cardiovascular é amplamente reconhecida na literatura científica. Um trabalho científico apresentado no Congresso de Stress do ISMA-2013, mostrou que a redução no nível de estresse com o treinamento na tecnologia cardioEmotion em empresa brasileira foi expressiva, com redução de 62% no nível de estresse máximo, 49% no nível alto e aumento de 52% no nível mínimo, ou seja, no estresse bom (eustresse).
Estudos realizados com mais de seis mil executivos de grandes empresas europeias e americanas, como a Shell, British Petroleum, Unilever, Banco Hong Kong Shangai e HP, da Motorola utilizando biofeedback cardiovascular e coerência cardíaca mostrou redução do stress e das palpitações de 47% para 25 %, tensão física de 41% para 15%, insônia de 34% a 6% e ansiedade de 30% para 6%, além de diminuir o nível de cortisol em 23%. Houve, ainda, redução de sentimentos e/ou sensações de exaustão, redução de dores em geral (LER, dor nas costas, etc.) de 30% para 6% e redução na insatisfação pelo trabalho de 30% para 9%.
Outra pesquisa conduzida nos Estados Unidos, utilizando a prática do biofeedback cardiovascular em agentes prisionais apresentou a redução do custo em saúde de U$1170,00 por agente/ano.
Um outro estudo, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, reuniu voluntários que realizaram exercícios de ritmo coerente diariamente durante 30 minutos. A pesquisa constatou aumento da taxa de DHEA (dehidroepiandrosterona), o chamado hormônio da juventude.
Mariana Machado Hinkel Administrativo.
Mariah Freitas
E-mail: mariah@agencianoar.com.br
Fone: (11) 31703094
No comments yet.
RSS feed for comments on this post. TrackBack URL